segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Gurgel acusado de 'se vingar' de Garotinho e 'poupar' Aécio

Gurgel é acusado de atacar Garotinho, no entanto, poupou Aécio Neves

"Dois pesos e duas medidas", termo usado para designar reações diversas diante de um mesmo fato, é apontado para decisões tomadas pelo ex-procurador-geral da República, Roberto Gurgel, dias antes e na véspera de deixar o cargo. Exemplos típicos são registrados pelo portal de notícias Brasil 247, em que Gurgel "requenta" posição contrária ao deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) e, com base em argumentos semelhantes, assume posição favorável ao senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Gurgel deixou o cargo na quinta-feira. Antes, porém, 'limpou as gavetas' e pediu abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) contra vários políticos, como, por exemplo, o ex-governador do Estado do Rio de Janeiro, Garotinho, alvo de "vingança por parte do ex-procurador", segundo afirma. No entanto, no dia 23 de julho, arquivou um pedido de investigação contra Aécio Neves, pré-candidato ao Palácio do Planalto, em 2014.

O caso envolvendo Garotinho é considerado "requentado". A denúncia diz que, durante a gestão de Rosinha no governo do Estado, no período de 2003 a 2006, houve contratação, mediante dispensa de licitação, a FESP (Fundação Escola de Serviço Público), que, por sua vez, subcontratava ONGs para a execução de seus serviços. E que parte do dinheiro havia sido desviada "para financiar a campanha de Garotinho à presidência da República em 2006".

Quando surgiu a denúncia, Garotinho apresentou documentos demonstrando que "a matéria já havia sido julgada pela Justiça do Rio de Janeiro" e nada tendo ficado provado contra ele. Agora, o deputado volta a apresentar os documentos e contrapõe: "Gurgel tenta se vingar, porque, a pedido do deputado federal Delegado Protógenes (PCdoB/SP), assinei requerimento de criação de uma CPI ao ex-procurador pela compra superfaturada de ipads e outros componentes eletrônicos com verba pública e licitação direcionada".

O mesmo tratamento não parece ter sido dado por Gurgel a Aécio Neves, alvo de representação, apresentada por deputados estaduais que fazem oposição ao pré-candidato tucano à Presidência da República, liderados por Rogério Correia, do PT - a qual pediu a abertura de uma investigação sobre o patrimônio do senador mineiro. O ex-procurador teria agido como "advogado" do acusado, afirmando que não via razões para investigar o senador mineiro.

Um caso mais marcante

Vários outros políticos são relacionados entre os "marcados" por Gurgel, porém, o Brasil 247 ressalta que "nada marcará tanto a passagem do ex-procurador pela procuradoria-geral da República, quanto sua atuação no caso da Operação Monte Carlo, que atingiu o senador Demóstenes Torres, mas foi retardada em dois anos por decisão de Gurgel".

A matéria diz ainda que "o próprio Demóstenes, que é também procurador, acusou Gurgel de prevaricar, alegando que não havia razões técnicas para engavetar o caso". E resume um fato bastante grave, acusado pelo senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB/AL): o de que o ex-procurador "usava investigações contra políticos como um instrumento de poder e de pressão".

Iincoerência caracterizada

Enquanto "ignora" os argumentos e farto material apresentado por Garotinho no contraditório ao que é acusado, Gurgel acata a defesa de Aécio, resumindo que "os documentos constantes dos autos comprovam que o representado declarou o seu patrimônio à Justiça Eleitoral". E reforça: "tanto assim é verdade que a relação de bens apresentada pelos noticiantes foi extraída exatamente do site do Tribunal Superior Eleitoral".

O Brasil 247 lembra que, apresentada em maio de 2011, a representação dos deputados questionava o patrimônio de Aécio. "Alegava-se que o senador declarou à Justiça Eleitoral possuir bens de pouco mais de R$ 617 mil, mas foi parado numa Land Rover numa blitz no Rio de Janeiro. De acordo com a representação, só este automóvel valeria mais de R$ 300 mil. No entanto, o carro está declarado como propriedade da Rádio Arco-Íris, empresa na qual Aécio tem pequena participação acionária, argumento que foi acatado por Gurgel".fonte o diario
 

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